Novo gasoduto ibérico: Portugal fica a perder - Costa não salvaguardou interesse nacional

22 de outubro de 2022
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O Primeiro-Ministro português não salvaguardou o interesse nacional num acordo que anunciou sem prazo e sem preço; a poderosa indústria nuclear francesa ganhou; as energias renováveis portuguesas perderam e o porto de Sines perde importância estratégica
 

O PSD exige conhecer “os termos do acordo” celebrado entre o Primeiro-Ministro português, o Presidente francês Emmanuel Macron e o Primeiro-Ministro espanhol Pedro Sanchez sobre o novo “corredor de energia verde”. Trata-se, segundo Paulo Rangel, de um “mau acordo”, que “António Costa nunca deveria ter aceitado”, porque “prejudica o interesse nacional e europeu” e que obriga a “começar do zero”, “é um desperdício de dinheiro, de tempo, de trabalho”. 

Em conferência de imprensa, este sábado, na sede nacional, em Lisboa, o vice-Presidente social-democrata explicou os motivos para que os portugueses fiquem desconfiados do compromisso assumido, que “está muito para lá da falta de verdade política” e que mais se parece com uma “encenação” ou um “número de propaganda”. “Num filme parecido ao que vimos recentemente com o corte de 1000 milhões de euros nas pensões, o Primeiro-Ministro António Costa voltou a aparecer a fazer anúncios triunfais de supostos benefícios, enquanto escondia e omitia as perdas graves que este acordo tem para Portugal. É inaceitável que, diante de um insucesso agora tão evidente, o Primeiro-Ministro tenha exibido tal triunfalismo. Uma encenação desta natureza, tal como a do corte de pensões, desqualifica a democracia”, afirmou.

O vice-Presidente do PSD considera que o acordo é mau para Portugal por duas razões: porque beneficia “a poderosa indústria nuclear francesa”, pelo contrário, “as energias renováveis portuguesas perderam”; em segundo lugar, nas “interligações de gás porque faz uma troca de gasodutos que secundariza e menoriza o terminal de Sines”, ou seja, “o abandono do Midcat, pela nova interligação entre Barcelona e Marselha, o BarMar valoriza os terminais de gás espanhóis de Barcelona e Valência, e faz com que o porto de Sines perca importância estratégica”.

Paulo Rangel sublinha que, durante sete anos, “o Governo socialista de António Costa fez muito pouco e nada conseguiu quanto às interligações elétricas”. “Numa palavra, no gás, Barcelona e a Espanha ganharam; Sines e Portugal perderam. Temos mesmo de conhecer o acordo, que ninguém sabe onde feito, por quem e sequer se está assinado. Senhor Primeiro-Ministro, mostre-nos o acordo”, insistiu.

O PSD quer saber quanto vai custar o novo projeto a Portugal, sabendo que o anterior tinha todo o financiamento previsto e garantido, “quem vai pagar”, isto é, “se vai sobrar para os portugueses, através do aumento da fatura da energia” e “quanto tempo vai demorar”.

“Este acordo, sem prazo e sem preço, não serve o interesse europeu e não serve o interesse nacional. (…) Enfim, trocamos o valor das nossas renováveis e o potencial do porto de Sines por um prato de lentilhas. Dito de modo popular, passamos de cavalo para burro. (…) Assim, o PSD exige uma divulgação detalhada dos termos do acordo e uma avaliação técnica e independente das suas consequências. Para tanto, promoverá todas as diligências ao seu alcance na Assembleia da República e junto das instituições europeias”, sintetizou.