Abertura do próximo ano letivo está já marcada pela “ineficiência e atrasos”

15 de julho de 2021
PSD Educação ensino escolapublica anoletivo

O PSD considera que a “abertura do ano letivo está pendurada pela ineficiência e atrasos do Governo” e sublinha que a recuperação das aprendizagens “não se resolve só com dinheiro”. “A abertura do próximo ano letivo está neste momento pendurada pela ineficiência e pelos atrasos que o Governo, e em especial o Ministério da Educação tem vindo a demonstrar”, afirmou David Justino, em conferência de imprensa, na sede nacional do PSD, em Lisboa, esta quinta-feira.

Apontando que os “efeitos da pandemia” são “consideráveis no que diz respeito ao aproveitamento dos alunos”, o vice-Presidente social-democrata lamentou que, “além daquilo que é um documento apresentado do Ministério da Educação relativamente à recuperação das aprendizagens”, não seja possível “identificar quais são as medidas e que ações é que estão a ser tomadas para que durante o próximo ano letivo se possa fazer essa recuperação das aprendizagens”.

“O Ministério da Educação, que é sempre tão prolixo a produzir orientações e despachos, sobre isto ainda não fez nada. Publicou um documento, encheu o documento de alguns milhões de euros e, a partir daí, as escolas estão completamente ao deus-dará relativamente àquilo que se pretende preparar e planear no próximo ano letivo”, apontou. 

David Justino salientou também que as orientações relativas ao próximo ano letivo “já deveriam estar publicadas” e “já nas escolas para serem aplicadas”, uma vez que as aulas devem começar em meados de setembro.

David Justino, que é também coordenador nacional do CEN para a Educação e Desporto, defende que os alunos deveriam ter tido “aulas extra” de recuperação e que “deveria ter-se aproveitado o mês de julho e eventualmente o início do mês de agosto para fazer algumas iniciativas”.

O vice-Presidente do PSD reconhece que “a recuperação das aprendizagens não se faz num ano ou dois” nem “se resolve só com dinheiro, resolve-se acima de tudo com planeamento, orientações claras para as escolas puderem recuperar os seus alunos e, acima de tudo com mais trabalho”.

Por outro lado, especificou, esta recuperação não pode acontecer através de um “abaixamento dos níveis de exigência” e apontou que existe “uma pressão enorme” junto das escolas e professores para que os alunos passem de ano “independentemente de saberem ou não”. “Os danos provocados nesta geração de estudantes são incomensuráveis”, alertou, dando como exemplo os alunos do primeiro ciclo que, se não aprenderem a ler e a calcular “vão carregar com este défice durante vários anos”.

E lamentou ainda que “deixou de haver instrumentos de avaliação de desempenho”.

Sobre o recrutamento de docentes, David Justino afirmou que é necessário “tornar a profissão mais atrativa” e “definir o perfil do professor” e indicou que “há grupos de docência que têm falta de professores”.
 

luis leite ramos

Portugal está sem “ministro da Educação”
Luís Leite Ramos, vice-Presidente do grupo parlamentar do PSD, lembrou que existe a “sensação de que o país não tem Ministro da Educação” e alertou que “professores e diretores das escolas estão preocupados com a falta de orientação”.

Para o deputado, “o problema é que há seis anos” o “Governo não faz uma reforma, não toma uma decisão de fundo”, pelo que “é natural que o sistema esteja, em muitos domínios, perto de um colapso”. 

“[O Executivo] Queixa-se da Assembleia, queixa-se de uma série de outras entidades e, portanto, naturalmente que isto não é forma de governar, mas é mais uma imagem de marca do ministro da Educação, que não o quer ser”, sustentou.

Luís Leite Ramos lamenta que o Governo continue a “desvalorizar, facilitar, baixar o nível e substituir o mérito pela mediocracia” e “em vez de enfrentar os problemas, assumir as dificuldades, correr os riscos e resolver esses problemas, faz queixinhas”.

O deputado sintetizou ainda o que o PSD preconiza para a recuperação das aprendizagens e que passa por “avaliar e monitorizar, mais meios” e “soluções diversificadas”, como maior carga horária, tutoria ou acompanhamento.

“Depende dos problemas em cada escola, depende dos problemas em cada disciplina, não há uma solução única, universal e a falta de conhecimento impede de desenhar um plano muito mais rigoroso e muito mais objetivo”, defendeu, concluindo que o PSD apresentou um projeto de resolução que recomendava ao Governo medidas para a recuperação das aprendizagens.