David Justino em entrevista ao DN: Governo deu “uma machadada no princípio de equidade no acesso ao ensino superior”

13 de agosto de 2021
PSD ensinosuperior Educação

David Justino, em entrevista ao “Diário de Notícias”, esta sexta-feira, traça um retrato “pouco animador” da educação em Portugal. O ex-ministro sublinha que a pandemia tem demonstrado a “importância do ensino presencial”, atendendo a que o ensino mediado pela tecnologia continua a ser uma “ideia utópica”.

O coordenador nacional do CEN para Educação e Desporto assinala que “a aprendizagem é muito mais do que o acesso e a transmissão de conhecimento: é intenção social, é o aprender em conjunto, é interiorizar um conjunto de regras e maneiras de pensar que não está ao alcance das tecnologias”.

Sobre o acesso ao ensino superior, o vice-Presidente do PSD qualifica de “grande irresponsabilidade” a alteração do perfil das provas e os critérios de avaliação do ano passado, contribuindo para “uma manifesta inflação de notas”. “Houve provas em que a maioria das notas estavam aconchegadas ao mais elevado percentil. A principal consequência vê-se agora: descrédito das provas e uma machadada no princípio da equidade e transparência no acesso ao ensino superior. Não sei se o aumento das vagas repõe esses princípios. É um expediente que poderá satisfazer alguns, mas vai ter implicações na gestão dos estabelecimentos de ensino superior”, aponta.

Quanto ao plano para a recuperação das aprendizagens, David Justino considera que está enfermo de dois “pecados mortais”: um é encher o plano com milhões de euros para equipamentos, quando todo o processo está dependente de “um maior esforço pedagógico e de um bom planeamento”, e quando se sabe que “a maior parte dos instrumentos de monitorização do sistema de ensino foram pura e simplesmente mandados pela janela fora”; o segundo erro reside na ideia de que é possível recuperar as aprendizagens até 2023, uma meta apenas estabelecida por coincidir com ano de eleições legislativas